O meu corpo de trabalho dá-se com e a partir da própria matéria que o compõe. Formalmente, vive entre o desenho e a pintura, podendo também constituir-se na forma de instalação, vídeo ou fotografia. Uma espécie de manifesto perante os dias feitos à imagem do que é rápido.
Interessa-me construir e pensar através de matérias e meios que parecem não mais ter lugar nos nossos dias, ou pela sua falta de robustez, ou pela sua aparente pobreza. Há um trato demorado, requerente de alguma delicadeza no seu manuseio; processos um tanto obsessivos que acontecem numa tentativa de organização mental perante o caos que nos envolve.
Segundo Byung-Chul Han, nós estaremos hoje a viver uma crise temporal que provém do carácter fragmentário próprio desta aceleração; a rapidez que nos faz perder o foco, acaba por ser responsável por uma sensação de vazio - por consequência, gera-se a ansiedade.
O que é que determina o verdadeiro valor do tempo, ou qual o meu real tempo de produção, enquanto autora? Nos dias dos homens rápidos e cada vez mais eficazes, o lugar para aquilo que não se traduz numa função imediata é frequentemente deixado para segundo plano.
É exactamente por reacção a estas condições que o meu trabalho surge como um exercício sobre a espera, ou o fazer devagar; sobre a morte, sobre a felicidade.